quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tecnologia nas escolas: tem, mas ainda é pouco

Os recursos materiais para uso da tecnologia já estão disponíveis, ao menos nas escolas públicas das grandes capitais. Mas ainda são insufici

Os números da pesquisa feita pela Fundação Victor Civita mostram que há equipamentos nas escolas, mas seu uso ainda é muito mais burocrático do que pedagógico. Os funcionários administrativos acessam as máquinas 4,7 vezes por semana, em média – enquanto os professores só fazem isso 3,2 vezes por semana e os alunos ainda menos: 2,6 vezes por semana, em média. Entre outros fatores, a quantidade de máquinas disponíveis faz diferença (como mostra a tabela da próxima página). Quanto mais computadores a escola tem, maior é a frequência de uso para atividades educacionais, inclusive com a participação dos estudantes.

Além disso, a conexão à internet é fundamental para desenvolver um bom trabalho. Segundo o levantamento, as escolas que têm apenas conexão discada acabam utilizando as máquinas apenas para atividades administrativas ou para tarefas muito básicas, como ler notícias, copiar conteúdos, consultar mapas, usar calculadora ou planilha eletrônica. Já nas escolas em que os professores fazem um uso mais avançado da tecnologia em atividades com os alunos (como criar blogs e páginas na web, programar ou desenvolver projetos de iniciação científica ou usar robótica educacional e programas de modelagem 3D), o acesso é quase sempre via banda larga.

Roseli Lopes de Deus, pesquisadora do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (LSI/USP) e uma das coordenadoras do estudo, destaca que a questão da mobilidade também é essencial para um bom uso das máquinas a serviço da aprendizagem. "Nos próximos anos, eu acredito que teremos acesso a um produto que vai ficar entre um celular e um laptop, ou seja, será fácil de carregar e terá capacidade de armazenamento razoável e preço menor que o dos laptops atuais", diz ela (leia mais na entrevista abaixo).

Vire a página e confira a experiência de um município do estado do Rio de Janeiro que está conseguindo aliar a tecnologia ao dia a dia de todas as escolas da rede – e conheça algumas propostas que as redes públicas podem adotar para tornar os computadores mais próximos de professores e alunos.
18% das escolas que têm laboratório de informática não usam o recurso para trabalhar com os alunos.
Foto: Marina Piedade
Foto: Marina Piedade
Roseli Lopes de Deus é pesquisadora do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP, que coordenou a análise dos dados levantados pelo Ibope em 400 escolas de 13 capitais brasileiras

O que mudou nos últimos dez anos no investimento em computadores para escolas?
Roseli Hoje, paga-se menos por computadores mais potentes e com recursos multimídia e a tecnologia sem fio pode facilitar muito o acesso à internet, que antes era difícil e caro. O governo reduziu os impostos na produção de computadores e criou programas para facilitar a aquisição de máquinas pelos professores. E ainda há o projeto Um Computador por Aluno, um passo além do conceito do laboratório de informática.

A mobilidade dos equipamentos pode melhorar o uso?
Roseli
Poder usar o equipamento onde quiser, da maneira que quiser, é uma vantagem óbvia. Ainda há uma questão com a segurança. Enquanto os laptops custarem caro, os diretores escolares terão medo de deixá-los circulando pelas salas.

O que falta para ampliar o acesso à tecnologia?
Roseli Investir ainda mais em equipamentos e em mobilidade. Mas vejo um cenário positivo, pois a tecnologia na Educação entrou na pauta nacional. Todos sabem que o acesso à internet é tão importante quanto a eletricidade e o saneamento básico, pois é a possibilidade de se conectar e aprender sempre que vai tornar os jovens mais preparados para o mundo do trabalho.

E o que os professores podem fazer na sala de aula?
Roseli Eles têm ferramentas poderosas para alcançar os objetivos de ensino e precisam estimular os alunos a usar o computador e a internet para avançar nos conteúdos.
Fonte : http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/planejamento-e-financiamento/tem-mas-ainda-e-pouco-519549.shtml

 

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